Impressionismo, o movimento que rompeu com as normas vigentes do Realismo - Revista Universo

Arte

Impressionismo, o movimento que rompeu com as normas vigentes do Realismo

O impressionismo foi um movimento que surgiu na pintura francesa do século XIX, vivia-se nesse momento a chamada Belle Époque ou Bela Época em português. O nome do movimento é derivado da obra “Impressão: nascer do sol” (1872), de Claude Monet.

Começou com um grupo de jovens pintores que rompeu com as regras da pintura vigentes até então. Os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do realismo e/ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as variações de cores da natureza.

O impressionismo não foi aceito em princípio na Europa do século XIX, pois os estilos vigentes à época eram acadêmicos e lineares: neoclassicismo, realismo e romantismo. No caso do neoclassicismo, também preocupava-se com a perfeição, a ponto de que pintores passariam a corrigir nas obras os “defeitos” dos corpos de seus modelos para atingi-la. O realismo, por outro lado, se preocupava em retratar a realidade exatamente como ela era. Já o trabalho romântico era extremamente subjetivista.

Mas alguns artistas e intelectuais, sob a influência de Charles Baudelaire, possuem o desejo de mudança. Baudelaire acreditava que era necessário que o olhar do artista fosse desprovido de preconceito e que houvesse um compromisso com o presente. Este desejo de mudança se traduz em experimentação de reformulação pictórica, que mais tarde levaria a pintura a ficar livre para traçar um novo caminho.

O impressionismo é uma arte visual, onde a representação do que se vê é o tema central das obras do movimento. As cenas pintadas são, em grande parte, apenas as que são observadas pelo próprio pintor. Neste sentido, o “ver” do impressionismo assume outro sentido; é o de selecionar, recortar, modelar de acordo com o objeto que se observa diretamente. Os artistas do impressionismo selecionam a impressão como uma experiência importante a ser valorizada.

Mas apesar de parecer que o impressionismo se trata de imitação do real, não é exatamente isso que os artistas impressionistas fazem. O impressionismo é sobre traduzir um objeto real através do olhar diferenciado, onde posteriormente essa forma de olhar se torna uma construção sobre o objeto real.

Os impressionistas buscavam retratar os objetos através do contraste de cor e luz, onde as próprias pinceladas dos pintores se tornam uma marca de luz e sombra na tela. A pincelada do impressionismo deixa uma marca na tela, como se fosse a letra do autor; seu relevo, deixado na tela propositalmente, faz com que a luz e sombra estejam presentes em cada pincelada. A sensação, elemento fundante do impressionismo, deixa de ser puramente fisiológica e passa a ser construída e deliberada.

O impressionismo, em primeira instância, se utiliza da paisagem como objeto único e central no quadro. Seria durante o Realismo que surgiria a paisagem como tema central de pinturas e quadros, tendo caráter especialmente referencial. O impressionismo é a técnica pictórica que levou seus artistas a representarem da melhor maneira a impressão visual da realidade.

Mas o impressionismo não causou só reações de críticas. A resistência ao impressionismo e suas obras vinha da grande ruptura que o impressionismo trazia enquanto movimento: ele negligenciava as formas para privilegiar a cor. Não é todo o impressionismo que é rejeitado, no entanto. Algumas das características do impressionismo que foram adotadas da pintura clássica ainda são bem vistas pela maioria, sendo que podem ser enxergadas como o rigor que não era presente, até então, nas pinturas impressionistas.

Por volta de 1884, surgiu uma estética relacionada àquela impressionista por excelência, que ainda que crítica ao impressionismo, continuaria seu legado. O neoimpressionismo não rejeitava todos os princípios e obras impressionistas como era comum à sua época, mas sim queriam dar continuidade ao que os impressionistas começaram, codificando suas descobertas de acordo com um método racional. Eles se aproveitam de Eugène Delacroix como o pai da pintura moderna, sendo que eles então o reivindicam como precursor de todo um movimento.

Características

Orientações gerais que caracterizam a pintura:

  • a pintura deve mostrar os pontos que os objetos adquirem ao refletir a luz do corpo num determinado momento, pois as cores da natureza mudam todo dia, dependendo da incidência da luz do sol;
  • é também, com isto, uma pintura instantânea (captação do momento), recorrendo, inclusivamente, à fotografia;
  • as figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro, passando a ser a mancha/cor;
  • as sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam. O preto jamais é usado em uma obra impressionista plena;
  • os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim um amarelo próximo a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos academicistas no passado. Essa orientação viria dar mais tarde origem ao [pontilhismo];
  • as cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura de pigmentos. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica;
  • preferência pelos pintores em representar uma natureza morta a um objeto;
  • Valorização de decomposição das cores.

Entre os principais expoentes do Impressionismo estão Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas, Auguste Renoir, Alfred Sisley e Camille Pissarro. Podemos dizer ainda que Claude Monet foi um dos maiores artistas da pintura impressionista da época.

Orientações gerais que caracterizam o impressionista:

  • rompe completamente com o passado;
  • inicia pesquisas sobre a óptica e os efeitos (ilusões) ópticos;
  • é contra a cultura tradicional;
  • pertence a um grupo individualizado;
  • falam de arte, sociedade, etc: não concordam com as mesmas coisas porém discordam do mesmo;
  • vão pintar para o exterior, algo mais conveniente com a evolução da indústria, nomeadamente, telas com mais formatos, tubos com as várias tintas, entre outras coisas.
  • Os efeitos ópticos descobertos pela pesquisa fotográfica, sobre a composição de cores e a formação de imagens na retina do observador, influenciaram profundamente as técnicas de pintura dos impressionistas.

Eles não mais misturavam as tintas na tela, a fim de obter diferentes cores, mas utilizavam pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.

Ao invés das formas serem representadas exatamente como elas são, os artistas do impressionismo expressam as formas tal como elas se apresentam sobre a deformação da luz. O espaço e o volume são definidos não pelos contornos ou pela geometria precisa da perspectiva, mas sim pela degradação de cor e tons (entende-se por cor como a qualidade da cor, enquanto por tom entende-se o grau de intensidade das cores).

Os pintores impressionistas abandonam os contrastes de claro e escuro, e trocam os tons que normalmente se encaixariam nas sombras (marrons, negros, cinzentos) por tons como azuis, verdes, amarelos, entre outros. Para empregar certas cores, os pintores impressionistas usam de uma técnica chamada de mistura óptica, que consiste em justapor cores diferentes sobre a tela (e não misturá-las na paleta) para então sugerir uma nova cor aos olhos do espectador. Apesar de experimentarem com muitas noções científicas sobre cor e luz em suas pinturas, os pintores impressionistas não os aplicavam com regularidade. As pinturas expressionistas eram, acima de tudo, de uma grande espontaneidade, e rejeitavam teorias metódicas.

Origens

Édouard Manet não se considerava um impressionista, mas foi em torno dele que se reuniram grande parte dos artistas que viriam a ser chamados de impressionistas. O impressionismo possui a característica de quebrar os laços com o passado e diversas obras de Manet são inspiradas na tradição. Suas obras, no entanto, serviram de inspiração para os novos pintores.

O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros de Claude Monet (1840-1926) Impressão – Nascer do Sol, por causa de uma crítica feita ao quadro pelo pintor e escritor Louis Leroy “Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha”.

O termo “impressionistas” foi cunhado graças a uma exposição que ocorreu em Paris em abril de 1874, composta de artistas excluídos pela elite acadêmica. Foi a partir desta exposição que a crítica de Louis Leroy se deu, publicada no jornal Le Charivari. A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando.

Mas foi antes do impressionismo sequer se chamar impressionismo que sua estética surgiu. Os pintores impressionistas anteriores à sua época são encontrados muitas vezes entre os realistas, já que o impressionismo está amplamente vinculado à estética barroca e realista. A estética impressionista nasceu em Veneza, onde luz, cores e sensações foram incorporadas à pintura. Alguns grandes renascentistas, como Giorgione, Ticiano, Veronese e Tintoreto, em meados do século XV até o século XVI, deram prioridade à cor sobre a forma, onde tentaram traduzir a luz da vida real para a tela com pinceladas visíveis para trazer a ilusão de vida.

Mas não foi apenas em Veneza que a estética impressionista tomou forma. Na Espanha, com pintores como El Greco, Velázquez e Goya, há também resquícios desta estética em diversas obras. Seria com vazio entre as pinceladas, o emprego do preto e representação de momentos luminosos ou dinâmicos que o impressionismo espanhol se afirmaria enquanto estética.

Em Flandres, poucos pintores se atreveram a usar da estética impressionista, mas foi com as pinturas de Rubens (1577-1640) que um dos elementos chave desta estética surge: a composição de cores quentes passou a fazer parte da sombra. Esse foi um elemento que vemos repetido com frequência em outras pinturas expressionistas a partir daquele momento.

A feitura fragmentada, comumente achada nas pinturas impressionistas, no entanto, não surgiu com Rubens, mas com o pintor holandês do século XVII, Frans Hals (1580? – 1666). Sua técnica sugeria forma e volume a partir da luz criada pelas pinceladas. Foram também os paisagistas holandeses que abordaram o problema do “ao ar livre”, problema este no qual impressionistas franceses se debruçaram mais tarde. Mesmo sem pintarem do lado de fora, dão a impressão do ar livre em suas telas.

Na Inglaterra, a conexão com o impressionismo e sua estética é clara. As paisagens eram tema das pinturas inglesas desde o final do século XVIII, e é no século XIX que três pintores ingleses vão influenciar diretamente a estética impressionista, sendo estes Constable, Bonington e Turner. Constable se utilizava, enfim, do estudo feito fora do ateliê para suas pinturas. Ele o considerava indispensável. Trazia em suas telas impressões fugazes, onde o vento e a atmosfera apareciam, apesar de não palpáveis. Através de suas pinturas ele estava determinado a captar em sua tela os aspectos mais voláteis da natureza. Suas obras exerceram grande influência sobre Delacroix. Por outro lado, Bonington também exerceu influência considerável sobre Delacroix e pode-se perceber algumas características impressionistas em seus estudos de atmosfera. Já Turner, pintor de paisagens marinhas, faz com que a água e o céu se confundam em suas pinturas por meio de uma construção específica da atmosfera.

Na França, foi no século XVII que a estética impressionista apareceu pela primeira vez, com Poussin, Claude Gellée, Watteau, Chardin, Joseph Vernet e Fragonard. Alguns destes pintores se aproximaram do impressionismo por conta de como trabalham com as cores, as luzes e as sombras; outros, por se utilizarem da paisagem como tema central da obra.

Mas uma das origens diretas do impressionismo foi, com certeza, Eugène Delacroix (1798-1863). Alguns autores acreditam que Delacroix mereça o nome de “pai do impressionismo” tanto quanto Claude Monet. Muitos veem nele um precursor do movimento, onde os reflexos coloridos são dados como extremamente importantes. Delacroix declarou, em 1852, que o cinzento era inimigo da pintura, mostrando mais uma vez sua ligação clara com o movimento impressionista. Ele também fez declarações que se relacionam com a mistura óptica e a fragmentação da pincelada, ambas características recorrentes das pinturas impressionistas.

A origem do grupo impressionista, no entanto, acontece mesmo em Paris. Em busca de um ensino de arte onde o pictórico fosse liberal, ganham força a Académie Suisse e o Ateliê Gleyre. A Académie Suisse, localizada no Quai de Orfèvres, era onde se trabalhava para ganhar pouco, onde havia uma grande liberdade e necessidade de independência. Lá foi onde estudaram nomes como Pissarro, Cézanne e Guillaumin. Foi quase ao mesmo tempo que fundava-se o Ateliê Gleyre, aberto por Charles Gleyre que era professor na Escola de Belas-Artes. O ateliê foi frequentado por Fréderic Bazille, Claude Monet, Reinoir e Sisley.

Esses grupos de artistas impressionistas, até então, não tinham local de encontro. Encontravam-se no ateliê de Fatin Latour ou no de Claude Monet. Mas queriam encontrar-se com maior frequência e em local mais adequado. Decidiram então encontrar-se em um café calmo, às quintas-feiras, mais precisamente no Café Guerbois. As reuniões se seguiram, principalmente, entre 1868 e 1870.

Na época, a fama de Manet fez com que seus colegas de grupo o considerassem o promotor da vanguarda. Ele viraria, então, o presidente dessas sessões. Agrupavam-se, nestas reuniões, nomes da pintura como: Constantin Guys, Claude Monet, Renoir, Pissarro, Sisley, Cézanne, Bazille, Fantin-Latour. Mas não apenas de pintores se constituía a reunião, contando também com escritores e críticos como Théodor Duret, Paul Alexis, Zacharie Astrux, Duranty, e outros membros, como o musicólogo Edouard Maitre e o fotógrafo Nadar.

O impressionismo foi um movimento que surgiu na pintura francesa do século XIX, vivia-se nesse momento a chamada Belle Époque ou Bela Época em português. O nome do movimento é derivado da obra “Impressão: nascer do sol” (1872), de Claude Monet.

Começou com um grupo de jovens pintores que rompeu com as regras da pintura vigentes até então. Os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do realismo e/ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as variações de cores da natureza.

O impressionismo não foi aceito em princípio na Europa do século XIX, pois os estilos vigentes à época eram acadêmicos e lineares: neoclassicismo, realismo e romantismo. No caso do neoclassicismo, também preocupava-se com a perfeição, a ponto de que pintores passariam a corrigir nas obras os “defeitos” dos corpos de seus modelos para atingi-la. O realismo, por outro lado, se preocupava em retratar a realidade exatamente como ela era. Já o trabalho romântico era extremamente subjetivista.

Mas alguns artistas e intelectuais, sob a influência de Charles Baudelaire, possuem o desejo de mudança. Baudelaire acreditava que era necessário que o olhar do artista fosse desprovido de preconceito e que houvesse um compromisso com o presente. Este desejo de mudança se traduz em experimentação de reformulação pictórica, que mais tarde levaria a pintura a ficar livre para traçar um novo caminho.

O impressionismo é uma arte visual, onde a representação do que se vê é o tema central das obras do movimento. As cenas pintadas são, em grande parte, apenas as que são observadas pelo próprio pintor. Neste sentido, o “ver” do impressionismo assume outro sentido; é o de selecionar, recortar, modelar de acordo com o objeto que se observa diretamente. Os artistas do impressionismo selecionam a impressão como uma experiência importante a ser valorizada.

Mas apesar de parecer que o impressionismo se trata de imitação do real, não é exatamente isso que os artistas impressionistas fazem. O impressionismo é sobre traduzir um objeto real através do olhar diferenciado, onde posteriormente essa forma de olhar se torna uma construção sobre o objeto real.

Os impressionistas buscavam retratar os objetos através do contraste de cor e luz, onde as próprias pinceladas dos pintores se tornam uma marca de luz e sombra na tela. A pincelada do impressionismo deixa uma marca na tela, como se fosse a letra do autor; seu relevo, deixado na tela propositalmente, faz com que a luz e sombra estejam presentes em cada pincelada. A sensação, elemento fundante do impressionismo, deixa de ser puramente fisiológica e passa a ser construída e deliberada.

O impressionismo, em primeira instância, se utiliza da paisagem como objeto único e central no quadro. Seria durante o Realismo que surgiria a paisagem como tema central de pinturas e quadros, tendo caráter especialmente referencial. O impressionismo é a técnica pictórica que levou seus artistas a representarem da melhor maneira a impressão visual da realidade.

Mas o impressionismo não causou só reações de críticas. A resistência ao impressionismo e suas obras vinha da grande ruptura que o impressionismo trazia enquanto movimento: ele negligenciava as formas para privilegiar a cor. Não é todo o impressionismo que é rejeitado, no entanto. Algumas das características do impressionismo que foram adotadas da pintura clássica ainda são bem vistas pela maioria, sendo que podem ser enxergadas como o rigor que não era presente, até então, nas pinturas impressionistas.

Por volta de 1884, surgiu uma estética relacionada àquela impressionista por excelência, que ainda que crítica ao impressionismo, continuaria seu legado. O neoimpressionismo não rejeitava todos os princípios e obras impressionistas como era comum à sua época, mas sim queriam dar continuidade ao que os impressionistas começaram, codificando suas descobertas de acordo com um método racional. Eles se aproveitam de Eugène Delacroix como o pai da pintura moderna, sendo que eles então o reivindicam como precursor de todo um movimento.

Características

Orientações gerais que caracterizam a pintura:

  • a pintura deve mostrar os pontos que os objetos adquirem ao refletir a luz do corpo num determinado momento, pois as cores da natureza mudam todo dia, dependendo da incidência da luz do sol;
  • é também, com isto, uma pintura instantânea (captação do momento), recorrendo, inclusivamente, à fotografia;
  • as figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro, passando a ser a mancha/cor;
  • as sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam. O preto jamais é usado em uma obra impressionista plena;
  • os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim um amarelo próximo a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos academicistas no passado. Essa orientação viria dar mais tarde origem ao [pontilhismo];
  • as cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura de pigmentos. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica;
  • preferência pelos pintores em representar uma natureza morta a um objeto;
  • Valorização de decomposição das cores.

Entre os principais expoentes do Impressionismo estão Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas, Auguste Renoir, Alfred Sisley e Camille Pissarro. Podemos dizer ainda que Claude Monet foi um dos maiores artistas da pintura impressionista da época.

Orientações gerais que caracterizam o impressionista:

  • rompe completamente com o passado;
  • inicia pesquisas sobre a óptica e os efeitos (ilusões) ópticos;
  • é contra a cultura tradicional;
  • pertence a um grupo individualizado;
  • falam de arte, sociedade, etc: não concordam com as mesmas coisas porém discordam do mesmo;
  • vão pintar para o exterior, algo mais conveniente com a evolução da indústria, nomeadamente, telas com mais formatos, tubos com as várias tintas, entre outras coisas.
  • Os efeitos ópticos descobertos pela pesquisa fotográfica, sobre a composição de cores e a formação de imagens na retina do observador, influenciaram profundamente as técnicas de pintura dos impressionistas.

Eles não mais misturavam as tintas na tela, a fim de obter diferentes cores, mas utilizavam pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.

Ao invés das formas serem representadas exatamente como elas são, os artistas do impressionismo expressam as formas tal como elas se apresentam sobre a deformação da luz. O espaço e o volume são definidos não pelos contornos ou pela geometria precisa da perspectiva, mas sim pela degradação de cor e tons (entende-se por cor como a qualidade da cor, enquanto por tom entende-se o grau de intensidade das cores).

Os pintores impressionistas abandonam os contrastes de claro e escuro, e trocam os tons que normalmente se encaixariam nas sombras (marrons, negros, cinzentos) por tons como azuis, verdes, amarelos, entre outros. Para empregar certas cores, os pintores impressionistas usam de uma técnica chamada de mistura óptica, que consiste em justapor cores diferentes sobre a tela (e não misturá-las na paleta) para então sugerir uma nova cor aos olhos do espectador. Apesar de experimentarem com muitas noções científicas sobre cor e luz em suas pinturas, os pintores impressionistas não os aplicavam com regularidade. As pinturas expressionistas eram, acima de tudo, de uma grande espontaneidade, e rejeitavam teorias metódicas.

Origens

Édouard Manet não se considerava um impressionista, mas foi em torno dele que se reuniram grande parte dos artistas que viriam a ser chamados de impressionistas. O impressionismo possui a característica de quebrar os laços com o passado e diversas obras de Manet são inspiradas na tradição. Suas obras, no entanto, serviram de inspiração para os novos pintores.

O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros de Claude Monet (1840-1926) Impressão – Nascer do Sol, por causa de uma crítica feita ao quadro pelo pintor e escritor Louis Leroy “Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha”.

O termo “impressionistas” foi cunhado graças a uma exposição que ocorreu em Paris em abril de 1874, composta de artistas excluídos pela elite acadêmica. Foi a partir desta exposição que a crítica de Louis Leroy se deu, publicada no jornal Le Charivari. A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando.

Mas foi antes do impressionismo sequer se chamar impressionismo que sua estética surgiu. Os pintores impressionistas anteriores à sua época são encontrados muitas vezes entre os realistas, já que o impressionismo está amplamente vinculado à estética barroca e realista. A estética impressionista nasceu em Veneza, onde luz, cores e sensações foram incorporadas à pintura. Alguns grandes renascentistas, como Giorgione, Ticiano, Veronese e Tintoreto, em meados do século XV até o século XVI, deram prioridade à cor sobre a forma, onde tentaram traduzir a luz da vida real para a tela com pinceladas visíveis para trazer a ilusão de vida.

Mas não foi apenas em Veneza que a estética impressionista tomou forma. Na Espanha, com pintores como El Greco, Velázquez e Goya, há também resquícios desta estética em diversas obras. Seria com vazio entre as pinceladas, o emprego do preto e representação de momentos luminosos ou dinâmicos que o impressionismo espanhol se afirmaria enquanto estética.

Em Flandres, poucos pintores se atreveram a usar da estética impressionista, mas foi com as pinturas de Rubens (1577-1640) que um dos elementos chave desta estética surge: a composição de cores quentes passou a fazer parte da sombra. Esse foi um elemento que vemos repetido com frequência em outras pinturas expressionistas a partir daquele momento.

A feitura fragmentada, comumente achada nas pinturas impressionistas, no entanto, não surgiu com Rubens, mas com o pintor holandês do século XVII, Frans Hals (1580? – 1666). Sua técnica sugeria forma e volume a partir da luz criada pelas pinceladas. Foram também os paisagistas holandeses que abordaram o problema do “ao ar livre”, problema este no qual impressionistas franceses se debruçaram mais tarde. Mesmo sem pintarem do lado de fora, dão a impressão do ar livre em suas telas.

Na Inglaterra, a conexão com o impressionismo e sua estética é clara. As paisagens eram tema das pinturas inglesas desde o final do século XVIII, e é no século XIX que três pintores ingleses vão influenciar diretamente a estética impressionista, sendo estes Constable, Bonington e Turner. Constable se utilizava, enfim, do estudo feito fora do ateliê para suas pinturas. Ele o considerava indispensável. Trazia em suas telas impressões fugazes, onde o vento e a atmosfera apareciam, apesar de não palpáveis. Através de suas pinturas ele estava determinado a captar em sua tela os aspectos mais voláteis da natureza. Suas obras exerceram grande influência sobre Delacroix. Por outro lado, Bonington também exerceu influência considerável sobre Delacroix e pode-se perceber algumas características impressionistas em seus estudos de atmosfera. Já Turner, pintor de paisagens marinhas, faz com que a água e o céu se confundam em suas pinturas por meio de uma construção específica da atmosfera.

Na França, foi no século XVII que a estética impressionista apareceu pela primeira vez, com Poussin, Claude Gellée, Watteau, Chardin, Joseph Vernet e Fragonard. Alguns destes pintores se aproximaram do impressionismo por conta de como trabalham com as cores, as luzes e as sombras; outros, por se utilizarem da paisagem como tema central da obra.

Mas uma das origens diretas do impressionismo foi, com certeza, Eugène Delacroix (1798-1863). Alguns autores acreditam que Delacroix mereça o nome de “pai do impressionismo” tanto quanto Claude Monet. Muitos veem nele um precursor do movimento, onde os reflexos coloridos são dados como extremamente importantes. Delacroix declarou, em 1852, que o cinzento era inimigo da pintura, mostrando mais uma vez sua ligação clara com o movimento impressionista. Ele também fez declarações que se relacionam com a mistura óptica e a fragmentação da pincelada, ambas características recorrentes das pinturas impressionistas.

A origem do grupo impressionista, no entanto, acontece mesmo em Paris. Em busca de um ensino de arte onde o pictórico fosse liberal, ganham força a Académie Suisse e o Ateliê Gleyre. A Académie Suisse, localizada no Quai de Orfèvres, era onde se trabalhava para ganhar pouco, onde havia uma grande liberdade e necessidade de independência. Lá foi onde estudaram nomes como Pissarro, Cézanne e Guillaumin. Foi quase ao mesmo tempo que fundava-se o Ateliê Gleyre, aberto por Charles Gleyre que era professor na Escola de Belas-Artes. O ateliê foi frequentado por Fréderic Bazille, Claude Monet, Reinoir e Sisley.

Esses grupos de artistas impressionistas, até então, não tinham local de encontro. Encontravam-se no ateliê de Fatin Latour ou no de Claude Monet. Mas queriam encontrar-se com maior frequência e em local mais adequado. Decidiram então encontrar-se em um café calmo, às quintas-feiras, mais precisamente no Café Guerbois. As reuniões se seguiram, principalmente, entre 1868 e 1870.

Na época, a fama de Manet fez com que seus colegas de grupo o considerassem o promotor da vanguarda. Ele viraria, então, o presidente dessas sessões. Agrupavam-se, nestas reuniões, nomes da pintura como: Constantin Guys, Claude Monet, Renoir, Pissarro, Sisley, Cézanne, Bazille, Fantin-Latour. Mas não apenas de pintores se constituía a reunião, contando também com escritores e críticos como Théodor Duret, Paul Alexis, Zacharie Astrux, Duranty, e outros membros, como o musicólogo Edouard Maitre e o fotógrafo Nadar.

Camille Pissarro, Norwood, National Portrait Gallery – Londres

Édouard Manet, um bar no Folies-Bergèr, 1882

Alfred Sisley, "Neve em Louveciennes", obra de 1878

Pierre-Auguste Renoir, Pont-Neuf, 1872

Claude Monet, Impressão, 1872, óleo sobre tela, Museu Marmottan Monet, Paris. Essa pintura se tornou a fonte do nome do movimento, depois que o artigo de Louis Leroy, A Exposição dos Impressionistas o mencionou de forma satírica.

Ensinamento de Okada Jinsai

VENDO A EXPOSIÇÃO DO "INSTITUTO JAPONÊS DE ARTES"

Em vista de ter ido outro dia à “Exposição do Instituto Japonês de Artes” deste ano, como de costume registrarei, aqui, algumas das minhas impressões. Inicialmente, ao entrar no primeiro salão, senti, ao dar uma olhada, que algo estava diferente de sempre. Usualmente, expõem-se, no referido salão, peças de pintura japonesa. Contudo, este ano, havia apenas quadros de pintura ocidental. Intrigado com aquilo, consultei-me com o meu acompanhante, pelo que obtive a resposta de que tudo ali era pintura japonesa. Ante tal revelação, esfreguei os meus olhos e procurei olhar melhor, com esse intento. Claramente, todas as obras eram peças de pintura ocidental executadas com pigmentos nipônicos! Meu susto, então, foi duplicado. Depois, apreciando, gradativamente, as peças, cheguei à conclusão de que a pintura japonesa dessa mostra desaparecera, tendo, por limite derradeiro, a do ano anterior. A nossa saudosa pintura japonesa, que se orgulha de uma tradição de um milênio, tivera, na mencionada exposição, seu fim declarado! Ao pensar em tal decadência, confesso não conter um fio de lágrimas a me escorrer pela face.

Desta maneira, eu me pus longamente a meditar. Afinal, o que acontece? É incompreensível. Não devo ser só eu quem julgue existir uma razão para tal. Foi aí que me veio à mente a situação hodierna da sociedade. Haverá, além dessa, várias outras causas, mas, indiscutivelmente, a principal é a mania do japonês de adorar as coisas do Ocidente. Indo diretamente ao assunto, tomemos o exemplo do “jazz”, recentemente em voga entre os jovens; da maquiagem; do penteado e das roupas das moças. É de assustar a escandalosa densidade da presença das maneiras norte-americanas em todos esses tipos de comportamento. Vejamos, ainda, os anúncios de jornais: nos textos dos comerciais de cosméticos e produtos farmacêuticos, destacam-se, infalivelmente, frases alusivas aos Estados Unidos. Assim, a difusão da cultura norte-americana é algo estupendo. Em síntese, esta onda invadiu até mesmo o campo das Artes. Naturalmente, no caso da Pintura, a onda provém da França, mas, de qualquer forma, não deixa de ser adoração das coisas ocidentais. No tocante a tal influência, fiz uma retrospectiva da História da Pintura no Oriente e no Ocidente. Tem-se, primeiramente, no Japão, a pintura japonesa inicial, da Era Higashiyama. Naquela época, importaram-se, profusamente, peças de pintura das dinastias Sung e Yuan da China, das quais a Escola Kano tirou inspiração para o seu surgimento. Dentre os pintores famosos da época, podem ser citados desde Sesshu, Shubun, Keishoki e Dasoku até Soami, Geiami, Noami, Motonobu e Sesson. Com o início da Era Momoyama, surgiram, seguidamente, artistas de renome e grandes mestres como Yusho, Tohaku, Togan, Sanraku, Eitoku, Tannyu e outros.

Entrementes, há algo de especial, nessa época, digno de ser notado. É o aparecimento de Sotatsu e Koetsu, os criadores de um estilo de pintar revolucionário, manifestador do senso peculiar do japonês, rompendo de maneira esplêndida com a pintura nipônica que, até então, não pudera desvencilhar-se um passo sequer dos moldes tradicionais da China. Além disso, com o passar de centenas de anos, no encetar da Era Genroku, os dois irmãos Korin e Kenzan produziram uma arte ainda mais avançada, trilhando as pegadas dessa mesma corrente. Todavia, curiosamente, também na Europa, aconteceu um fenômeno que veio a coincidir com este que acabo de comentar. Desde a Idade Média, a Arte Pictórica desenvolveu-se intensivamente e culminou com o realismo exclusivo. Concomitantemente, o estilo renascentista, que se emparelhara com tal tendência, chegou — ainda que temporariamente — a dominar, de maneira revolucionária, o Artesanato fino de todo o continente europeu da época. Porém, de forma idêntica ao acontecido com a Pintura, este estilo também chegou a um impasse. Quando não havia mais solução, repentinamente, houve o surgimento de Korin. Basta dizer que esse estilo era o contrário dos padrões até então vigentes: ousado, sendo sóbrio; a tudo omitindo, expunha, plenamente, a essência do objeto. Tal técnica não podia deixar deslumbrado quem a visse. Desnecessário dizer que o acontecimento foi como um abrir de olhos graças a um farol aceso em mar tenebroso, ocasionando uma guinada de cento e oitenta graus. Desvendou-se, a partir desse momento, uma senda de possibilidades infinitas: é, pois, adequado afirmar que Korin — aquele que, de fato, salvou a pintura européia — constitui motivo do maior orgulho para os japoneses. Posteriormente, sob o estímulo da xilogravura ukiyo-e, representada por Sharaku, Utamaro, Hokusai, Hiroshige e outros, os pintores europeus, revigorados por esse hábito vital do Oriente, começaram a avançar com brio, surgindo daí as correntes impressionista e pós-impressionista. Foi a época em que despontaram, seguidamente, gênios como Cezanne, Van Gogh, Gauguin e Renoir, dentre outros. Conformou-se aqui o estilo moderno da Pintura. Deste modo, ao confrontar o histórico da pintura oriental e da ocidental, cheguei à seguinte conclusão: a reprovável tendência, hoje verificada no Oriente, de imitar a pintura ocidental, mais cedo ou mais tarde, chegará a um impasse. Contudo, como acredito poder contar com o aparecimento repentino de um gênio fabuloso que rompa tal casca, considero a atual febre de adoração da pintura ocidental uma fase desse processo, não vendo, pois, necessidade alguma de incorrer em pessimismo.

Passemos à Escultura. Seria acertado dizer que também não foge à tendência geral. Quanto aos trabalhos de artesanato fino — para dizer com franqueza —, são horríveis de se ver. Se por um lado não satisfazem aos moldes da antiga tradição, por outro, não são capazes de imitar o Ocidente: há não apenas as restrições impostas pelos hábitos e costumes nipônicos, mas a questão do material. Mesmo assim, constata-se a vontade enérgica de produzir algo novo. Todavia, pela presença de rastros do processo de ansiedade e agonia para que se lograsse tal resultado, a impressão tida não agrada. Mas, uma vez que, também, o artesanato fino acompanha, de maneira básica, o caminhar da Pintura, é inevitável que, temporariamente, evolua nas condições atuais. Assim, coloquei no papel o que realmente pude sentir em visita à “Exposição do Instituto Japonês de Artes”.

Jornal Eiko, nº 236 — 25 de janeiro de 1953

Em vista de ter ido outro dia à “Exposição do Instituto Japonês de Artes” deste ano, como de costume registrarei, aqui, algumas das minhas impressões. Inicialmente, ao entrar no primeiro salão, senti, ao dar uma olhada, que algo estava diferente de sempre. Usualmente, expõem-se, no referido salão, peças de pintura japonesa. Contudo, este ano, havia apenas quadros de pintura ocidental. Intrigado com aquilo, consultei-me com o meu acompanhante, pelo que obtive a resposta de que tudo ali era pintura japonesa. Ante tal revelação, esfreguei os meus olhos e procurei olhar melhor, com esse intento. Claramente, todas as obras eram peças de pintura ocidental executadas com pigmentos nipônicos! Meu susto, então, foi duplicado. Depois, apreciando, gradativamente, as peças, cheguei à conclusão de que a pintura japonesa dessa mostra desaparecera, tendo, por limite derradeiro, a do ano anterior. A nossa saudosa pintura japonesa, que se orgulha de uma tradição de um milênio, tivera, na mencionada exposição, seu fim declarado! Ao pensar em tal decadência, confesso não conter um fio de lágrimas a me escorrer pela face.

Desta maneira, eu me pus longamente a meditar. Afinal, o que acontece? É incompreensível. Não devo ser só eu quem julgue existir uma razão para tal. Foi aí que me veio à mente a situação hodierna da sociedade. Haverá, além dessa, várias outras causas, mas, indiscutivelmente, a principal é a mania do japonês de adorar as coisas do Ocidente. Indo diretamente ao assunto, tomemos o exemplo do “jazz”, recentemente em voga entre os jovens; da maquiagem; do penteado e das roupas das moças. É de assustar a escandalosa densidade da presença das maneiras norte-americanas em todos esses tipos de comportamento. Vejamos, ainda, os anúncios de jornais: nos textos dos comerciais de cosméticos e produtos farmacêuticos, destacam-se, infalivelmente, frases alusivas aos Estados Unidos. Assim, a difusão da cultura norte-americana é algo estupendo. Em síntese, esta onda invadiu até mesmo o campo das Artes. Naturalmente, no caso da Pintura, a onda provém da França, mas, de qualquer forma, não deixa de ser adoração das coisas ocidentais. No tocante a tal influência, fiz uma retrospectiva da História da Pintura no Oriente e no Ocidente. Tem-se, primeiramente, no Japão, a pintura japonesa inicial, da Era Higashiyama. Naquela época, importaram-se, profusamente, peças de pintura das dinastias Sung e Yuan da China, das quais a Escola Kano tirou inspiração para o seu surgimento. Dentre os pintores famosos da época, podem ser citados desde Sesshu, Shubun, Keishoki e Dasoku até Soami, Geiami, Noami, Motonobu e Sesson. Com o início da Era Momoyama, surgiram, seguidamente, artistas de renome e grandes mestres como Yusho, Tohaku, Togan, Sanraku, Eitoku, Tannyu e outros.

Entrementes, há algo de especial, nessa época, digno de ser notado. É o aparecimento de Sotatsu e Koetsu, os criadores de um estilo de pintar revolucionário, manifestador do senso peculiar do japonês, rompendo de maneira esplêndida com a pintura nipônica que, até então, não pudera desvencilhar-se um passo sequer dos moldes tradicionais da China. Além disso, com o passar de centenas de anos, no encetar da Era Genroku, os dois irmãos Korin e Kenzan produziram uma arte ainda mais avançada, trilhando as pegadas dessa mesma corrente. Todavia, curiosamente, também na Europa, aconteceu um fenômeno que veio a coincidir com este que acabo de comentar. Desde a Idade Média, a Arte Pictórica desenvolveu-se intensivamente e culminou com o realismo exclusivo. Concomitantemente, o estilo renascentista, que se emparelhara com tal tendência, chegou — ainda que temporariamente — a dominar, de maneira revolucionária, o Artesanato fino de todo o continente europeu da época. Porém, de forma idêntica ao acontecido com a Pintura, este estilo também chegou a um impasse. Quando não havia mais solução, repentinamente, houve o surgimento de Korin. Basta dizer que esse estilo era o contrário dos padrões até então vigentes: ousado, sendo sóbrio; a tudo omitindo, expunha, plenamente, a essência do objeto. Tal técnica não podia deixar deslumbrado quem a visse. Desnecessário dizer que o acontecimento foi como um abrir de olhos graças a um farol aceso em mar tenebroso, ocasionando uma guinada de cento e oitenta graus. Desvendou-se, a partir desse momento, uma senda de possibilidades infinitas: é, pois, adequado afirmar que Korin — aquele que, de fato, salvou a pintura européia — constitui motivo do maior orgulho para os japoneses. Posteriormente, sob o estímulo da xilogravura ukiyo-e, representada por Sharaku, Utamaro, Hokusai, Hiroshige e outros, os pintores europeus, revigorados por esse hábito vital do Oriente, começaram a avançar com brio, surgindo daí as correntes impressionista e pós-impressionista. Foi a época em que despontaram, seguidamente, gênios como Cezanne, Van Gogh, Gauguin e Renoir, dentre outros. Conformou-se aqui o estilo moderno da Pintura. Deste modo, ao confrontar o histórico da pintura oriental e da ocidental, cheguei à seguinte conclusão: a reprovável tendência, hoje verificada no Oriente, de imitar a pintura ocidental, mais cedo ou mais tarde, chegará a um impasse. Contudo, como acredito poder contar com o aparecimento repentino de um gênio fabuloso que rompa tal casca, considero a atual febre de adoração da pintura ocidental uma fase desse processo, não vendo, pois, necessidade alguma de incorrer em pessimismo.

Passemos à Escultura. Seria acertado dizer que também não foge à tendência geral. Quanto aos trabalhos de artesanato fino — para dizer com franqueza —, são horríveis de se ver. Se por um lado não satisfazem aos moldes da antiga tradição, por outro, não são capazes de imitar o Ocidente: há não apenas as restrições impostas pelos hábitos e costumes nipônicos, mas a questão do material. Mesmo assim, constata-se a vontade enérgica de produzir algo novo. Todavia, pela presença de rastros do processo de ansiedade e agonia para que se lograsse tal resultado, a impressão tida não agrada. Mas, uma vez que, também, o artesanato fino acompanha, de maneira básica, o caminhar da Pintura, é inevitável que, temporariamente, evolua nas condições atuais. Assim, coloquei no papel o que realmente pude sentir em visita à “Exposição do Instituto Japonês de Artes”.

Jornal Eiko, nº 236 — 25 de janeiro de 1953

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